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Entenda o que é a Camada Porosa de Atrito – CPA

APRESENTAÇÃO

O revestimento conhecido como Camada Porosa de Atrito ou CPA consiste em um pré-misturado a quente com utilização de asfalto polímero e está normatizada na DNER-ES 386/99.

É uma mistura executada em usina apropriada, com características específicas, constituída de agregado, material de enchimento (filler) e cimento asfáltico de petróleo modificado por polímero do tipo SBS, espalhada e comprimida a quente.

Tanto agregados graúdos quanto miúdos devem ser utilizados na mistura.

O agregado graúdo pode ser pedra, escória ou outro material que seja indicado nas Especificações Gerais. Deve ser livre de substâncias nocivas e apresentar as seguintes características:

  • Desgaste Los Angeles igual ou inferior a 30% (DNER ME 035);
  • Índice de Forma superior a 0,5 (DNER ME 086);
  • Durabilidade, perda inferior a 12% (DNER ME 089);

O agregado miúdo pode ser areia, pó-de-pedra ou mistura de ambos e deve apresentar as seguintes característica:

  • Ser resistente;
  • Apresentar moderada angulosidade;
  • Estar livre de substâncias nocivas;
  • Estar livre de torrões de argila;
  • Apresentar Equivalente de Areia igual ou superior a 55% (DNER ME 054).

DEFINIÇÃO

A camada porosa de atrito consiste em uma mistura aberta (Figura 1) de agregados que resultam em vazios de 18% a 25% da mistura. A quantidade de CAP é aquela que garanta uma certa estabilidade, mas deve ter um limite para evitar o fechamento da mistura. A norma DNER-ES 386/99 recomenda teor de ligante variando de 4% a 6%.

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Figura 1 – CPA com mistura aberta

O CPA é um pavimento poroso que tem como função diminuir os riscos de aquaplanagem, aumentando o atrito entre pavimento e pneu e possibilitando ainda a redução de ruídos gerados pelos veículos.

Por apresentar grande volume de vazios, permite com que a água infiltre em seus poros e seja encaminhada para drenos laterais (Figura 2). Apesar de ser conhecido como drenante, este tipo de revestimento não tem como função a drenagem, por isso não deve ser adotado no lugar dos dispositivos apropriados.

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Figura 2 – Revestimento drenante

A aplicação da mistura do tipo CPA como camada de rolamento proporciona melhoria nos parâmetros ligados à segurança do usuário, tais como atrito superficial e permeabilidade da camada, permitindo a redução da formação de lâmina d’água na pista e, consequentemente, reduzindo a possibilidade de ocorrência de aquaplanagem.

Além da melhoria nas condições de segurança, expressa pelos parâmetros citados, também beneficia o conforto do usuário, em termos de redução do ruído ao rolamento.

COMPOSIÇÃO DA MISTURA

A composição do pré-misturado a quente com asfalto polímero deve satisfazer os requisitos do quadro mostrado na Figura 3 com as respectivas tolerâncias no que diz respeito à granulometria e aos percentuais de CAP.

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Figura 3 – Requisitos da mistura do CPA

As faixas I e II são recomendadas para espessuras de camadas de 3,0cm. Já as faixas III, IV e V para espessuras de até 4,0cm.

EXECUÇÃO

A temperatura de aquecimento do asfalto polímero deve ser em função do teor de polímero. A temperatura conveniente para aquecimento do ligante é de 150º C acrescida de 3ºC para cada 1% de polímero: 150ºC + 3ºC / 1% polímero. A temperatura máxima deve ser de 180ºC.

Os agregados devem ser aquecidos a temperatura de 10 a 15ºC, acima da temperatura do cimento asfáltico e inferior a 183ºC.

A superfície a ser revestida deve obedecer aos seguintes requisitos:

  • Deve estar seca e limpa, sem presença de pó ou materiais soltos;
  • Imediatamente antes de revestir deve ser feita uma pintura de ligação com emulsão RR-1C ou RR-2C na taxas, aproximadamente:
  •             Pavimento novo: 0,15 – 0,3 l/m2 (resíduo)
  •             Pavimento antigo, em cima de camadas já oxidadas 0,2 – 0,4 l/m2 (resíduo)
  • Caso o caminhão espargidor não tenha condições de espargir esta taxa, a emulsão pode ser recortada com 50% de água;
  • Devem ser coletadas amostras da emulsão no caminhão espargidor e feita uma determinação expedita do resíduo antes da aplicação. A taxa deve ser ajustada em função da porcentagem de resíduo encontrada.
  • A pintura de ligação deve ser feita obrigatoriamente com a barra espargidora. A caneta só deve ser usada para correção de pontos falhos ou de difícil acesso.
  • O tráfego de caminhões sobre a pintura só é permitido após o rompimento e cura da emulsão.

A distribuição da mistura deve ser feita em pavimentadoras automotrizes (Figura 4). Além disto, deve apresentar os seguintes requisitos:

  • A temperatura ambiente e do piso deve estar acima de 10° C;
  • A mistura deve apresentar uma textura uniforme, sem pontos segregados;
  • A mesa da pavimentadora deve ter uma superfície lisa, sem riscos que deixem marcas de arraste de material;
  • Na descarga, o caminhão deve ser empurrado pela pavimentadora, não se permitindo choques ou travamento dos pneus durante a operação;
  • A acabadora deve trabalhar com sistema eletrônico de nível, com esqui de comprimento mínimo de 6,00 m;
  • Se a acabadora parar mais de 15 minutos, deve ser removida da pista, e dar um novo início na chegada do caminhão.

Cortesia SIURB

Figura 4 – Aplicação do CPA

A compactação deve ser executada somente com rolo tandem sem vibrar logo após o espalhamento. Deve ser iniciada pelos bordos, longitudinalmente, continuando em direção ao eixo da pista. Nas curvas, de acordo com a superelevação, a compressão deve começar sempre do ponto mais baixo para o mais alto.

Durante a rolagem não serão permitidas mudanças de direção ou inversões bruscas de marcha, nem estacionamento do equipamento sobre o revestimento recém rolado, ainda quente.

A água no rolo tandem deve estar pulverizada, não se permitindo o escorrimento da mesma por gravidade pelo tambor e empoçamento na superfície da camada.

A abertura ao transito de veículos só é permitida após o completo resfriamento da camada espalhada.

Fonte: Blog Além da Inércia (clique aqui para conhecer)

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Sobre Ricardo Venescau

Engenheiro Civil, mestre e doutorando em Engenharia de Transportes. Apaixonado por Engenharia Rodoviária

4 Comentários

  1. Adorei a matéria. Gostaria de saber o ano para referenciá-la.

  2. Robson J. Apezzato

    Boa tarde a todos. Gostaria de saber se a técnica em questão pode ser indicada para vias com aclives acentuados, ou se, em decorrência dos desafios propiciados pela topografia a execução poderia ser dificultada ou impossibilitada.

    • O problema não seria nem a execução, mas sim o desempenho. É um tipo de revestimento voltado para melhoria do desempenho da drenagem superficial.

  3. Auricélia Henrique Almeida Leite

    Amei,a forma que foi abordada, bem direta sem enchimento de linguiça e o que precisamos saber. Parabéns!

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